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No primeiro ano do novo governo federal e da nova legislatura, os políticos conseguiram concluir duas importantes reformas: o arcabouço fiscal e a reforma tributária do consumo. O ambiente político foi bom o suficiente para aprovar essas reformas, apoiado por uma economia razoável. O Congresso também trabalhou de forma eficiente para realizar os freios e contrapesos necessários às propostas do governo.

Outra conquista importante que vimos ao longo de 2023 foi a preservação das reformas estruturais aprovadas nos últimos anos no Brasil, como as reformas previdenciária e trabalhista, a autonomia do Banco Central, o marco do saneamento e a privatização da Eletrobras.

A atividade econômica do Brasil vem surpreendendo os economistas nos últimos 4 anos, inclusive em 2023. No início do ano, o consenso do mercado era um crescimento de 0,5% do PIB; esse mesmo consenso cresceu para 2,9% atualmente. Embora provavelmente existam vários fatores que explicam esse comportamento, acreditamos que a sequência de reformas gerou um aumento na confiança empresarial, desencadeando um forte crescimento de investimentos. Outro fator foi o forte crescimento da produtividade no setor agrícola, que criou um boom nas safras na última década.

Para 2024, esperamos que o PIB cresça 1,4%, mas com uma composição diferente e muito mais concentrada em consumo e investimentos. A inflação também foi uma surpresa positiva em 2023, graças à própria inflação de alimentos e bens industriais. Nossa previsão de inflação para o fim do ano alinha-se com a meta de 3% estabelecida BCB.

O principal desafio que vemos para o cenário do ano que vem é a meta fiscal. Embora a meta oficial do governo para 2024 seja ter um orçamento equilibrado (déficit fiscal zero), acreditamos que o número final ficará mais próximo de -1% do PIB.

O déficit orçamentário impõe um limite para onde o BCB pode chegar em termos de taxa de juros. Do lado positivo, a inflação mais baixa deve permitir que a flexibilização da política monetária continue. Por outro lado, a continuação dos déficits fiscais e o aumento da dívida em relação ao PIB impõem uma taxa de juros neutra mais alta.